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Foto do escritorThamires Melo

Desafios no Psicodiagnóstico Infantil


#pracegover: cozinha de uma casinha de boneca em madeira. No primeiro plano três bonequinhos de pano sentados em uma mesa. No fundo uma beliche com um bonequinho deitado e um berço ao lado com outro bonequinho.

*Silvia Ancora Lopez. Psicodiagnóstico Interventivo: Evolução de uma prática.

Capítulo 12. Desafios no Psicodiagnóstico Infantil

1) Introdução

a) Ambiente Clínica-escola com atendimento gratuito, grande parte da clientela tem dificuldades socioeconômicas, que implicam em determinadas carências.

b) Induzem a uma atuação que foge do campo tradicional da Psicologia Clínica, que segundo o CFP (2007, p.8), requer por parte do psicólogo inventividade, inteligência e talento para criar, inovar respondendo de forma dinâmica ao movimento da realidade.

2) Reflexão Prática do Psicodiagnóstico

a) Realizar uma reflexão prática sobre o psicodiagnóstico, levando em conta o contexto no qual ele se dá.

i) Novas configurações familiares;

ii) Realidade brasileira;

iii) Características socioeconômicas;

iv) Crise de valores políticos e morais;

v) Situação da educação;

vi) Realidade da violência e a convivência por parte da crianças, desta no âmbito familiar e social.

b) Principal queixa na clínica-escola é a dificuldade na escolarização.

c) Encaminhamento oriundo de escolas públicas, que buscam explicação dos motivos que impedem o desenvolvimento pedagógico das crianças.

d) O psicólogo para atender essa demanda, se restringi a singularidade da criança, e realiza o psicodiagnóstico privilegiando aspectos da personalidade, que resultam em uma predisposição para a formação desse sintoma.

e) Desconsideram aspectos institucionais que contribuem para o fracasso escolar.

f) Culpabilização da vítima incutida pela má-fé institucional da escola pública, cuja crença que a criança pobre, sem estímulos em casa para aprender, passa a se ver como burra, incompetente e preguiçosa.

g) Comum escolas e psicólogos compreenderem o fracasso escolar em seus aspectos intrassubjetivos e relacionais, os primeiros por uma dificuldade em confrontar suas próprias deficiências e segundo apoiados na tradição da sua formação profissonal que tendem a privilegiar o indivíduo.

h) Uma visão ampliada da clínica permite uma compreensão da dificuldade escolar construída a partir da avaliação do contexto escolar, no qual a criança esta inserida.

3) Psicodiagnóstico Interventivo

a) Diante das limitações do fazer clínico, procura-se engajar a família e a escola, visando:

i) Compreender as dificuldades da criança;

ii) Encontrar formas de auxiliá-la no seu desenvolvimento.

b) Visita escolar tem papel significativo, a fim de possibilitar uma reflexão conjunta com as equipes das escolas sobre o seu papel na dificuldade dos alunos.

c) Discriminar para os pais quais são as dificuldades de seus filhos e o que é responsabilidade das instituições escolares. Levando-os a colocar-se mais criticamente, levando reivindicações para as escolas.

d) Participação dos pais no psicodiagnóstico propicia uma mudança de atitude em relação aos seus filhos, favorecendo seus aspectos positivos e auxiliando a criança a superar os aspectos negativos.

4) Desafio do Psicodiagnóstico

a) Ampliar o olhar – ir além da criança como foco da investigação e integrar outros aspectos, como os efeitos do mundo moderno sobre ela e sua família.

b) Novas configurações familiares: monoparentais femininas; irmãos com pais diferentes; avós que criam seus netos; casais com filhos de relacionamentos anteriores.

i) Identificaram-se dificuldades e vantagens em avós que desempenham o papel de pais para seus netos.

ii) Sentimento de vergonha em famílias homoparentais, devido à dificuldade de obter legitimidade social e jurídica no Brasil.

c) Cabe ao psicólogo questionar de que forma essas metamorfoses nas famílias repercutem na constituição das crianças.

5) Objetivo do Psicodiagnóstico Interventivo

a) Conhecer os sentidos e significados que as crianças e seus pais dão às suas vidas e seus mundos.

b) Enfrentamento das teorias que se apresentam insuficientes para as profundas transformações nas famílias:

i) Despir-se das amarras teóricas.

ii) Acolher o cliente e sua família.

iii) Não cair na armadilha de que a criança ficará obrigatoriamente, prejudicada no seu desenvolvimento psicológico.

c) Psicodiagnóstico oferece a oportunidade de uma reflexão conjunta para enfrentar as lacunas teóricas através de uma compreensão co-constituída pautada no mundo vivido pelo cliente.

d) O atendimento em grupo auxilia na compreensão da própria família, contribui para diminuir a sensação de isolamento e eliminando a sensação de que seu caso é diferente, único e sem solução.

6) Violência Social e Familiar

a) Não é exclusivo da atualidade.

b) Problema complexo e delicado, com múltiplas causas, interfaces e principalmente, o sofrimento psíquico de todas as pessoas envolvidas, exigem extremo cuidado dos profissionais envolvidos.

c) Tem que ser analisado em seu contexto cultural e condições impostas pela vulnerabilidade social.

d) Em muitos casos é um episódio intrafamiliar marcado pela existência de vinculação afetiva entre seus integrantes, dependência econômica entre os cuidadores, negligência, conivências e vulnerabilidades.

e) Compromisso de zelar pelo bem-estar da criança ou adolescente, com cuidado de não cometer imprudências.

f) Competitividade e desigualdade resultam no aumento de: violência; uso de drogas; conflitos e rupturas familiares; alienação social e política; xenofobia; conflitos étnicos e religiosos; doenças psicossomáticas.

i) Não agir de forma neutra, atacar frontalmente esses temas.

ii) Considerar fontes de desestabilização emocional das crianças: psiquismo e questões sociais.

iii) Sugerir, apoiar e incentivar pais e responsáveis a atitudes ativas. Auxiliá-los a conhecer, reconhecer e batalhar por seus direitoscomo cidadãos.

7) Finalidade do Psicodiagnóstico

a) Compreender e respeitar o mundo do cliente, contemplando as questões políticas, sociais e econômicas.

b) Não ater-se apenas ao espaço clínico, mas conhecer o ambiente escolar da criança, suas condições de moradia e seu meio social.

c) Implica no confronto com as nossas limitações e inquietações

d) Criar um espaço que permita compartilhar o sofrimento e encontrar um novo modo de lidar com a realidade do paciente.

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