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Foto do escritorThamires Melo

Transferência positiva, negativa e Contratransferência


#pracegover: desenho com fundo em tons de azul, com uma longa escada na cor branca. No topo da escada um homem calvo com roupa social, com papéis embaixo do braço, olhando para baixo numa postura de cobrança. No meio da escada um jovem com a mão cobrindo seu rosto. No início da escada a figura de Sigmund Freud com água até as canelas e o dedo indicador dobrado chamando o jovem. Ilustração: Peter Gamlen.

Transferência

Designa em psicanálise o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de certo tipo de relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica.

Trata-se aqui de uma repetição de protótipos infantis vivida com uma sensação de atualidade acentuada.

A maior parte das vezes é a transferência no tratamento que os psicanalistas chamam de transferência, sem qualquer outro qualitativo.

A transferência é classicamente reconhecida como o terreno em que se joga a problemática de um tratamento psicanalítico, pois são a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua resolução que caracterizam este (LAPLANCHE e PONTALIS, 1983).

Freud enfoca o problema da dinâmica da transferência sob dois pontos de vista: primeiro, a transferência como problema geral e suas causas, e segundo, a transferência no processo psicanalítico e as causas da especial intensidade que adquire neste.

Como causas gerais indicam:

- O fato de que toda pessoa adquire na infância determinadas características de sua vida afetiva, do que resulta um clichê (ou vários), que no curso da vida é regularmente repetido.

- A insatisfação libidinosa (devido às fixações inconscientes), que cria a necessidade e a expectativa libidinosas dirigidas às pessoas que se vai conhecendo.

- O papel especial da transferência no processo psicanalítico explica-se segundo Freud, por sua relação com a resistência. A transferência torna-se tão intensa e duradoura porque serve a resistência; o paciente reproduz e repete para não relembrar seus impulsos inconscientes.

Transferência e resistência

A transferência se apresenta como uma arma de dois gumes: por um lado, é o que permite que o paciente se sinta confiante e queira falar, tentar descobrir e compreender o que está se passando com ele; por outro, pode ser o local das mais obstinadas resistências ao progresso da análise. De fato, assim como nos sonhos, o paciente em análise atribui aos afetos que é levado a reviver um caráter de atualidade e de realidade, e isso contra toda a razão, sem levar em conta o que realmente está acontecendo.

Em “A dinâmica da transferência”, Freud diz: “Nada é mais difícil, em análise, do que vencer as resistências, mas não esqueçamos que são justamente tais fenômenos que nos prestam o melhor serviço, ao nos permitir trazer à luz as emoções amorosas secretas e esquecidas dos pacientes e ao conferir a essas emoções um caráter de atualidade.

Por ser a transferência o lugar e a ocasião da reprodução de tais tendências, é que Freud diz que a transferência nada mais é do que um fragmento de repetição e que a repetição é a transferência do passado esquecido, não apenas pela pessoa do médico, mas também por todas as outras áreas da situação presente.

É então que intervém o papel da resistência: quanto maior for à resistência a essa lembrança, maior será a colocação em atos, isto é, a compulsão à repetição irá se impor. É pelo caminho do manejo da transferência que essa compulsão à repetição irá se transformar, pouco a pouco, em uma razão de se lembrar, permitindo assim, progressivamente, que o paciente se reaproprie de sua história.

Transferência e contratransferência

Um outro elemento indissociável da transferência, da qual é uma espécie de acompanhamento obrigatório, é a contratransferência do analista para com seu paciente. Como já dissemos, ela consiste, no analista, em determinar quais afetos seu paciente suscita nele e em saber o que levar em conta, em sua maneira de interpretar a transferência de seu paciente.

Mais uma vez, isso pressupõe que o analista seja capaz de analisar aquilo que constitui a contratransferência, para que essa não interfira no funcionamento da análise do paciente, mas que, no entanto, permita que o analista se situe convenientemente em relação ao desenvolvimento do tratamento.

Transferência positiva e Transferência negativa

Ao falar da transferência, distingue a transferência positiva e a transferência negativa. Foi levado a fazer essa distinção, quando constatou que a transferência poderia se tornar a mais forte resistência oposta ao tratamento e quando se perguntou o porquê.

Essa distinção se deve segundo Freud, à necessidade de tratar diferentemente estes dois tipos de transferência.

A transferência positiva se compõe de sentimentos conscientes amigáveis e ternos, e outros, cujos prolongamentos são encontrados no inconsciente e que, constantemente, parecem ter um fundamento erótico.

Em, A dinâmica da transferência (1912), Freud coloca que “a transferência sobre a pessoa do analista não representa o papel de uma resistência, a não ser quando se tratar de uma transferência negativa, ou então de uma transferência positiva composta de elementos eróticos recalcados”.

Por outro lado, a transferência positiva, em virtude da confiança do paciente, permite que o paciente fale mais facilmente de coisas difíceis de serem abordadas em outro contexto. Contudo, é evidente que toda transferência é constituída, simultaneamente de elementos positivos e negativos.

Compartilhado por: Daniela Inokuti.

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